quinta-feira, 27 de março de 2014
Meu bairro...
terça-feira, 8 de novembro de 2011
NATURAL
Quando estava lá eu sabia:
Era a minha terra, o meu rio, o meu leito de vida.
Simplesmente era assim, natural.
Eu nem sequer pensava que houvessem
Outros lugares,
Outros lugares,
Outras terras e cores,
Tanto, não,
Essa palavra nem me ocorria,
Simplesmente era assim, natural.
Azul em cima, do céu, de tamanha verdade.
Eu tinha o ocre nas mãos, eu plantava,
Eu colhia, fazia tijolos, eu sorria.
Eu tinha o ocre nos olhos.
De muito olhar pro deserto
Meu olhar transbordava a cor das areias.
Quando estava lá eu sabia.
Sabia que o papiro dança e rodopia
No vai e vem do vento,
No vai e vem do vento,
No corre-corre das águas frias, azuis, refrescantes,
Doçuras da vida, doçuras da vida.
Sabia que quando o papiro dança
Ele não está sozinho,
Pois baila com o tempo,
Com o toque das garças
Que pousam nas plantas,
Roçam suas plumas,
Leves, pulsantes, brancas,
O sol que é o olho de Deus
Que me vê...
Que me vê.
Quando estava lá
Eu sabia tudo da dança do papiro.
Tudo, porque era o que eu via, dias a fio,
Sem cansar de ver
Porque era assim, natural.
Natural era ver o vermelho, o ocre, o azul,
Porque as cores eram muitas
E entravam no meu ser como alimento,
Coloriam minha alma,
Aqueciam meu peito,
Brilhavam meu olhar.
E eu sorria.
A cor era crua, assim, natural
Tal como o limo do rio,
O húmus da terra,
O sumo das uvas.
A cor, sendo crua,
Tinha o doce da tâmara,
Que eu sabia o sabor.
Quando estava lá eu sabia.
Eu sabia das tamareiras, das ervas, das flores.
Do tempo que flui dentro dos juncos
Do tempo que mora nas águas dos oásis.
Quando estava lá eu sabia
Que esse tempo se conta
Estas que murmuram na noite
No céu do deserto,
Que falam da vida,
Da origem
Do nascimento.
As estrelas falam no céu do deserto
Sobre os mistérios da vida
Que morre e renasce em cada doce da tâmara
Em cada mel da abelha
Em cada lótus aberta,
Em cada broto de vida,
Como a voz
Das estrelas no deserto,
Falando do tempo,
Da vida,
Quando eu estava lá eu sabia que tudo era um só,
Tão junto, tão justo,
Como a harmonia
Do azul, de verdade do céu,
Do azul, de bondade do rio.
E, tu sabias, que tudo me veio à lembrança
Quando te senti ao meu lado,
Quando quase ouvi tua risada,
A tua sandália roçando
No chão macio ao meu lado?
Foi quando me dei conta disso e, sabes?
Penso que ainda sei algumas coisas daquilo...
Algo que ficou guardado,
Não sei se nas minhas mãos,
Não sei se no meu olhar...
Sei que ficou
Aqui, em mim mesma,
Me alimentando
Do azul, da verdade do céu,
Do azul, da bondade do rio
Que ficou pintado, em harmonia,
Em mim mesma,
Assim, natural.
Natural como o tempo
Que as estrelas cantam no céu do deserto.
E, acho que lembrei,
Quando quase ouvi tua risada,
Que o tempo é assim,
Eterno, natural.
E deságua no ocre dessa minha vida atual,
por me ajudares na busca do ser natural)
Tchau. Muito Obrigado!
Com a postagem acima estou encerrando hoje, 8.11.11, a edicão deste blog.
Durante doze meses publiquei basicamente minhas poesias, alguma música e um pouco de Kabalah. Nesse tempo vi meu afilhado crescer e postei algumas canções de ninar para embalá-lo e também no desejo de que a música, o ritmo e a harmonia estejam na sua vida.
Eu não pensei que alcançaria as 1467 visitas que tive até este exato momento. A maioria das visualizações foram aqui do Brasil, depois Estados Unidos, Portugal e Alemanha, pela ordem.Certo, muitas foram através de pesquisa, mas é assim que funciona no "tio google". Agradeço a todas elas, e me confessso ainda meio surpresa por ter sido lida/visitada por pessoas de países como Rússsia, Letônia, Ucrânia, Tailândia, Cingapura e Croácia, por exemplo, que parecem tão longe de mim, mas, o que é estar distante com a proximidade virtual da internet?
Quero agradecer em especial aos 14 seguidores e aos que deixaram seus comentários no blog.
Estou encerrando as postagens, mas não quero fechar esta porta, pois as possibilidades são muitas - que bom - inclusive de retornar a ele ou, talvez, a uma nova morada virtual.
Tchau.
Tchau.
Muito obrigado a todos.
domingo, 6 de novembro de 2011
domingo, 30 de outubro de 2011
Criação
Um dia Deus chorou.
Chorou por nada,
Chorou somente para criar.
E uma gota de lágrima do olho de Deus
Veio caindo, caindo,
E caiu num lugar no meio do infinito chamado Terra.
E caindo, caindo,
Chegou numa terra chamada África.
E caindo, caindo,
Se espalhou nas areias de um país chamado Egito,
E foi caindo, molhando, inundando,
Fertilizando o deserto.
No dia que Deus chorou
uma gota de lágrima azul
do olho azul de Deus, criou.
Criou o Nilo Azul.
Que foi aonde eu nasci.
Porque o meu coração, que tem sangue vermelho,
Se lembra que foi criado da lágrima azul
Do azul olho de Deus.
Que caiu na Terra, chegou na África, se espalhou por todo Egito, e fez surgir o Nilo, meu belo rio azul.
Que foi onde eu nasci.
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
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