Um dia,
a filha da Lua
no escuro ficou.
Nada de prata,
nenhum clarão.
Tudo breu,
tudo breu,
só os olhos
na penumbra catavam.
Buscava, buscava, cansava.
Cadê o olho da noite? Cadê o reflexo lunar?
Cansava, cansava, recuava.
Na toca entrar, no ventre se resguardar.
Pensava, pensava, se entregava.
Nesse entremeio, rodeios, lamúrias, quereres.
Quereres em falta,
Carências tão grandes,
Maiores angústias,
Enormes dúvidas.
Medos.
E nada da Lua.
Nadava sozinha no fundo do lago,
no sem fim do poço se esquecia.
Em lamas turvas, gemia.
Ah, cadê o olho da noite? Cadê o raio reflexo?
Quero ver, quero ver!
E viu no rosto do lago o desgosto.
Ó desfaçatez, desfaçatez!
Vai timidez,
sai insensatez!
Com as mãos desfez
do sofrimento a placidez.
Desta vez,
sem talvez,
mas de vez,
Para ver
da lucidez
o brilhar.