A CIDREIRA
A língua mordida pelos dentes
A cidreira, orgulhosa de sua beleza, separou-se das árvores e, ao fazer isso, voltou-se para o vento que, não se detendo em sua fúria, arrancou-lhe a raiz e a jogou ao solo.
A cidreira, desejando produzir um fruto nobre e belo na ponta do seu ramo mais alto, pôs mãos à obra com toda a força da sua seiva. Mas, quando seu fruto cresceu, ele fez com que o topo reto e alto da árvore inclinasse-se.
O pêssego, com inveja da grande quantidade de frutos na castanheira próxima, decidiu fazer o mesmo e carregou-se de seu próprio fruto em uma quantidade tão grande que o peso jogou-o ao chão, arrancando sua raiz e quebrando-o.
A castanheira, na beira da estrada, exibindo a riqueza de seus frutos, foi apedrejada por todos os homens que passaram.
Quando a figueira estava sem frutos, ninguém olhava para ela; então, desejosa de ser elogiada pelos homens por sua produção de frutos, ela foi vergada e quebrada por eles.
A figueira ao lado do olmo, vendo que os galhos dele estavam sem frutos e que mesmo assim ele tinha a audácia de impedir que o sol chegasse aos frutos ainda verdes dela, disse em reprovação: "Ó, olmo, tu não tens vergonha de ficar na minha frente? Mas espera até que os teus frutos estejam maduros e tu verás qual é o teu lugar".
Mas, quando os frutos da figueira estavam maduros, uma tropa de soldados que passava por ali atacou a árvore e arrancou os figos, cortando e quebrando os galhos. E, enquanto a figueira ali permaneceu, mutilada em todos os seus membros, o olmo perguntou: "Ó, figueira, é melhor estar sem frutos que ser arrastado a tal miserável situação por causa deles".