terça-feira, 8 de novembro de 2011

Tchau. Muito Obrigado!


Com a postagem acima estou encerrando hoje, 8.11.11, a edicão deste blog.
Durante doze meses publiquei basicamente minhas poesias, alguma música e um pouco de Kabalah. Nesse tempo vi meu afilhado crescer e postei algumas canções de ninar para embalá-lo  e também no desejo de que a música, o ritmo e a harmonia estejam na sua vida.
Eu não pensei que alcançaria as 1467 visitas que tive até este exato momento.  A maioria das visualizações foram aqui do Brasil,  depois Estados Unidos, Portugal e Alemanha, pela ordem.Certo, muitas foram através de pesquisa, mas é assim que funciona no "tio google". Agradeço a todas elas, e me confessso ainda meio surpresa por ter sido lida/visitada por pessoas de países como  Rússsia, Letônia, Ucrânia, Tailândia, Cingapura e Croácia, por exemplo, que parecem tão longe de mim, mas, o que é estar distante com a proximidade virtual da internet?
Quero agradecer em especial aos 14 seguidores e aos que deixaram seus comentários no blog.
Estou encerrando as postagens, mas não quero fechar esta porta, pois as possibilidades são muitas - que bom - inclusive de retornar a ele ou, talvez, a uma nova morada virtual.
Tchau.
Muito obrigado a todos.

domingo, 6 de novembro de 2011

COMO SE (Será)


Semelhança
              semeia lembrança.
Semelhança
              semeia Semblante Divino.
Humano parecer
com algo a Ser.
Como se.
Como se fosse o que se pode SER.
Como se.
Como se fosse o que SERÁ.
                                  Ser ECHAD 
                                          RADIANTE.

 
Adiante dos meus passos
Na estrada real da vida
Semelhança a Ser.
Semelhança.
Não mais...
lembrança.

domingo, 30 de outubro de 2011

Criação


Um dia Deus chorou.
Chorou por nada,
Chorou somente para criar.
E uma gota de lágrima do olho de Deus
Veio caindo, caindo,
E caiu num lugar no meio do infinito chamado Terra.
E caindo, caindo,
Chegou numa terra chamada África.
E caindo, caindo,
Se espalhou nas areias de um país chamado Egito,
E foi caindo, molhando, inundando,
Fertilizando o deserto.
No dia que Deus chorou
uma gota de lágrima azul
do olho azul de Deus, criou.
Criou o Nilo Azul.
Que foi aonde eu nasci.
Porque o meu coração, que tem sangue vermelho,
Se lembra que foi criado da lágrima azul
Do azul olho de Deus.
Que caiu na Terra, chegou na África, se espalhou por todo Egito, e fez surgir o Nilo, meu belo rio azul.
Que foi onde eu nasci.


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

All Things Must Pass


Matinée


Tenho me lembrado deles, da minha turma, meus amigos, alguns amores, das matinas e matinées naquela cidade dos trópicos...
Tom, o cineasta gentil  que me levou pras sessões de cine-clube. Joel, marxista farrista, com ele tomei meu primeiro pileque na praia de um rio, na meio da selva.
Tinha a Diana, atriz, linda nos palcos vestida de índia, cabelos quase louro com penas e plumas. Casou-se com o Marcos, judeu hegeliano. A Cinara magrela e pernalta, que matava a gente de rir. Também a Maria, baixinha, continha segredos.
Júlio, dono do jeep mais barulhento da cidade no qual íamos para os igarapés nas madrugadas de lua. E o Mauro, ah, o Mauro intelectual e cool... Sion outro judeu, guitarrista da banda de rock da turma, cantava Beatles toda hora e estava sempre ensaiando os rifs que iria tocar nos bailes do fim de semana.

Beto, alto, louríssimo, cabelos longos até os ombros, minha primeira paixão, meu primeiro beijo.Foi pra Europa ser modelo. Choreeeei!!! A segunda paixão foi  Gilson, tipo prima-dona dos palcos, sedutor, não levei vantagem. Choreeeeei!!!
O Pedro largou a faculdade, cansou de usar paletó nas tardes tropicais, queria mesmo era ser jornalista, poeta, cantor, com ele aprendia fazer um lead bacana pras matérias do nosso jornal alternativo que editávamos no porão abafado da casa do Marcos. Nuno, português, claro, cinéfilo responsável pelo cineclube e pelas minhas leituras dos Cahiers Du Cinéma.
Júnia, antropóloga, foi pra Angola participar da revolução. Me ensinou a ler Weber, discutíamos A História da Riqueza dos Homens, O Capital, a pobreza, a independência dos países colonizados e claro, Simone de Beauvoir.
Ely, fazia personagens dramáticos mas era uma figura histriônica. Professor de filosofia, falou sobre a ilusão da caverna de Platão, do vir a ser, do ser e do nada,  da razão prática, do cogito e do agito porque, embora fosse para nós um Sócrates, era na verdade um grande epicurista.
A gente gostava muito das aulas de latim,todo mundo lá repetindo  rosa, rosas rosea, rosa rosas  rosarum. Era divertido declinar os verbos, saber a origem das palavras, aguçava o interesse pela literatura, e todos nós devorávamos livros e mais livros.
Nossos lugares favoritos... bem tinha o quiosque do café que ficava entre o colégio e o quartel da policia, era a terra de ninguém onde se misturavam professores, policiais, estudantes, um ou outro mendigo, índios... Tinha a praça em frente ao colégio onde a gente ficava depois  da aula para marcar encontro no cinema, o baile do fim de semana, ou aguardando o namorado para subir a avenida de mãos dadas. E as escadarias do Teatro Amazonas.
A gente ouvia Cream, Emerson Lake &Palmer, Yes, Gradefull Death, Pink Floyd, Beatles e Rolling Stones. Nas rádio, Janis Joplin gritava summertiiiime! 

Parece que tudo foi apenas isso, uma matinée de domingo, domingos da juventude. Cenas de amor,  cenas vividas ou observadas, cenas arquivadas, frames na memória da vida de então. Matinée vivida em Manaus, a Paris dos trópicos. Porque sempre haviam os  domingos, nossos dias de matinée.
Obs: os fatos são mais ou menos verdadeitos, quando lembramos nem tudo é de verdade como foi. Os nomes das pessoas foram  inventados.

domingo, 9 de outubro de 2011

KOL NIDREI


Madrigal

Hoje, depois de tempos, atravessei a rua, caminhei na orla onde vi flores silvestres, tomei um pouco de sol e um banho de mar. Sim, creio que a primavera está chegando para mim, trazida pelo  canto do Yom Kipur.
Depois, em casa, li este poema que é quase uma tradução do que tem acontecido.

«Herdei uma floresta obscura, onde raramente vou. Porém, há-de chegar o dia em que os mortos e os vivos trocam os seus lugares. Então, a floresta põe-se em movimento. 
(...)
Herdei uma floresta obscura, porém, hoje vou à outra floresta, que é clara. Tudo está vivo, tudo canta, serpenteia, abana e rasteja. É Primavera, o ar é robusto. Fiz os meus exames na universidade do esquecimento, tenho as mãos vazias como uma camisa num cordão de estender roupa.»

O poema é de Tomas Transtromer, Nobel de Literatura deste ano.
O post original está aqui, com tudo mais explicadinho e sem o corte que fiz.