quinta-feira, 14 de abril de 2011

LEONARDO DA VINCI (10)



A CIDREIRA
A língua mordida pelos dentes


A cidreira, orgulhosa de sua beleza, separou-se das árvores e, ao fazer isso, voltou-se para o vento que, não se detendo em sua fúria, arrancou-lhe a raiz e a jogou ao solo.
 A cidreira, desejando produzir um fruto nobre e belo na ponta do seu ramo mais alto, pôs mãos à obra com toda a força da sua seiva. Mas, quando seu fruto cresceu, ele fez com que o topo reto e alto da árvore inclinasse-se.
O pêssego, com inveja da grande quantidade de frutos na castanheira próxima, decidiu fazer o mesmo e carregou-se de seu próprio fruto em uma quantidade tão grande que o peso jogou-o ao chão, arrancando sua raiz e quebrando-o.
A castanheira, na beira da estrada, exibindo a riqueza de seus frutos, foi apedrejada por todos os homens que passaram.
Quando a figueira estava sem frutos, ninguém olhava para ela; então, desejosa de ser elogiada pelos homens por sua produção de frutos, ela foi vergada e quebrada por eles.
A figueira ao lado do olmo, vendo que os galhos dele estavam sem frutos e que mesmo assim ele tinha a audácia de impedir que o sol chegasse aos frutos ainda verdes dela, disse em reprovação: "Ó, olmo, tu não tens vergonha de ficar na minha frente? Mas espera até que os teus frutos estejam maduros e tu verás qual é o teu lugar". 
  Mas, quando os frutos da figueira estavam maduros, uma tropa de soldados que passava por ali atacou a árvore e arrancou os figos, cortando e quebrando os galhos.
  E, enquanto a figueira ali permaneceu, mutilada em todos os seus membros, o olmo perguntou: "Ó, figueira, é melhor estar sem frutos que ser arrastado a tal miserável situação por causa deles". 

quarta-feira, 13 de abril de 2011

LEONARDO DA VINCI (9)


O QUE VÊ O SOL





"Se o sol estiver a Oriente e você olhar para o Ocidente, verá todas as coisas completamente iluminadas, pois você vê o que o sol vê". 

"Se você olhar ao meio dia ou ao setentrião, verá todos os corpos envoltos por luzes e sombras, pois você vê o que o sol não vê".





 "Se você olhar em direção ao sol, os corpos lhe mostrarão a face sombria, pois esta não pode ser vista pelo sol".


terça-feira, 12 de abril de 2011

LEONARDO DA VINCI (8)

O LÍRIO 

Nas verdes margens do rio Ticino um belo lírio mantinha-se reto e alvo em sua haste, mirando o reflexo de suas brancas pétalas na água.
A água ansiava possuir o lírio. A cada ondulação da superfície passava a imagem da linda flor branca. E o desejo da água voltava-se para as ondulações que ainda estavam por vir.
E assim todo o rio começou a estremecer e a correnteza tornou-se rápida e turbulenta. 

  
A água não conseguiu arrancar o lírio, que mantinha-se firme no alto de sua forte haste, e então a água atirou-se furiosamente contra a margem, que foi arrastada pela inundação.
E junto com a margem foi-se a linda e solitária flor.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Trilha sonora para ler da Vinci


Soneto 18 - W. Shakespeare
por David Gilmour ( Pink Floyd)

LEONARDO DA VINCI (7)


A PEDRA E O METAL


Certo dia o metal começou a bater numa pedra e ela, surpresa e indignada, virou-se e lhe disse:
- Que é isso? Você deve estar me confundindo com alguém, porque não conheço você. Deixe-me em paz, pois nunca fiz mal a ninguém!
O metal olhou para a pedra, sorriu e em seguida respondeu: – Se você tiver um pouco de paciência, verá que coisa maravilhosa posso fazer você produzir.
A essas palavras a pedra conformou-se e suportou com grande paciência os golpes que o metal lhe infligia. Finalmente, de repente, fez-se uma faísca que acendeu um fogo maravilhoso, com o poder de fazer coisas fantásticas.
Esta fábula é dedicada àqueles que iniciam seus estudos de má vontade, apesar dos incentivos para prosseguir. Porém, se forem pacientes e persistentes, obterão resultados magníficos

domingo, 10 de abril de 2011

LEONARDO DA VINCI (6)


A ÁGUA

Um conto que fala da transformação da água pelo fogo.

Certo dia, um pouco de água desejou sair de seu lugar habitual, no lindo mar, e voar para o céu.
Então, a água pediu ajuda ao fogo. O fogo concordou e, com seu calor, transformou a água em vapor, tornando-a mais leve que o ar.
O vapor partiu para o céu, subindo cada vez mais alto, até finalmente atingir a camada mais fria e mais rarefeita da atmosfera.    Então, as partículas de água, enregeladas de frio, tornaram a se unir e voltaram a ser mais pesadas que o ar. E caíram sob a forma de chuva. Não se limitaram a cair, mas jorraram como uma cascata em direção á terra.
A arrogante água foi sugada pelo solo seco e, pagando caro por sua arrogância, ficou aprisionada na terra. 


sábado, 9 de abril de 2011

LEONARDO DA VINCI (5)


O RIACHO


Um riacho da montanha, esquecendo-se de que devia sua água à chuva e a pequenos córregos, resolveu crescer até ficar do tamanho de um rio.
Pôs-se, então, a atirar-se violentamente de encontro às suas margens, arrancando terra e pedras a fim de alargar seu leito.
Mas quando a chuva acabou, a água diminuiu. O pobre riacho viu-se preso entre as pedras que arrancara de suas margens e foi forçado, com grande esforço, a encontrar outro caminho para descer até o vale.

Moral da Estória: Quem tudo quer tudo perde.